segunda-feira, 19 de abril de 2010

Dia do índio


Todo ano, o Dia do Índio é assunto nas salas de aula e motivo de debates, encontros e manifestações em defesa dos primeiros habitantes do Brasil. Muitas novidades, análises, conquistas e escândalos aparecem mas, ainda assim, boa parte da população desconhece a origem da data. Antes de entrar na discussão e começar a ler os primeiros artigos dos especialistas, que tal recapitular essa história?

Voltemos então a 1940, ano em que foi realizado, no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Além de contar com a presença de várias autoridades governamentais dos países das Américas, vários líderes indígenas foram convidados para participarem das reuniões e decisões. Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos.

O comportamento era compreensível. Há séculos, eles estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos "homens brancos". No entanto, depois de algumas reuniões e reflexões, diversos líderes indígenas entenderem a importância daquele momento histórico e resolveram participar. A participação deles aconteceu no dia 19 de abril, que mais tarde foi escolhido, no continente americano, como o Dia do Índio. No Brasil, o presidente Getúlio Vargas instituiu a data comemorativa em 1943, por meio do Decreto Lei nº 5.540.

Mais que promover pesquisas, exposições e eventos dedicados à valorização da cultura indígena, a data é uma oportunidade para refletir sobre a importância da preservação dos povos indígenas, da manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais. Não podemos esquecer que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses chegaram, em 1500. Desde essa época, o que vimos foi o desrespeito e a diminuição das populações indígenas - consequência da mineração e da exploração dos recursos naturais, que reduzem as terras de muitos povos.

O antropólogo Roberto DaMatta, que realizou pesquisas etnológicas entre os índios Gaviões e Apinayé, nos idos dos anos 70, lembra que naquela época o horizonte dos índios era bastante pessimista. A maioria dos antropólogos do país alertava para o desaparecimento das tribos indígenas. E elas não desapareceram. O que aconteceu, então, foi uma pressão para demarcar territórios e fazer reservas indígenas, mesmo durante o regime militar - da qual o próprio DaMatta participou.

Graças a esse trabalho, como DaMatta destaca, índios do município de Altamira, no Pará, ainda hoje vivem em condições melhores do que a de muitos brasileiros de pequenas cidades ao redor. Os recursos foram dados pelo Banco Mundial, quando linhas telegráficas e de energia passavam pelo território.

"Nós temos um sistema de reservas indígenas razoável, mesmo com todos os defeitos. Isso deu a essas sociedades um tempo de ajustamento para as mudanças que, inevitavelmente, chegam ao mundo globalizado - do computador, da geladeira e da televisão", analisa DaMatta, lançando luz sobre uma antiga alternativa para aliar desenvolvimento e preservação.

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